Hoje eu acordei mais proativa.
Entrei em uma plataforma internacional de trabalho remoto, me candidatei para
alguns projetos de avaliação de redes sociais e estou aguardando ser chamada,
sem muitas esperanças na verdade, porém só o fato de ter alguma coisa que possa
te solicitar já dá um ânimo para levantar e fazer as coisas. Mas a esperança de
que essas candidaturas venham a ocorrer é a mesma esperança de ganhar na
loteria, você sabe que não vai ganhar, mas fica pensando o que faria se ganhasse,
ou seja, desvia teu pensamento para coisas boas.
Recebi desta plataforma
um trabalho um tanto inusitado, enviar 10 fotos sendo 8 minha e 2 com outra
pessoa. Diz que o pagamento é 3 dólares por linha. Não entendi bem o que é essa
linha, acredito que seja por foto, ou pode ser só 3 dólares por tudo. Enfim,
conversei com meu companheiro. Ele ficou um tanto reticente, ele tem receio
desses tráfegos de dados. Eu só penso em dinheiro, se for 3 dólares por foto já
dá para pagar a conta de luz, se for só 3 dólares, valeu a experiência, mais um
dia tentando entender essas empresas internacionais de trabalho remoto, até
onde dá para realmente confiar, até onde se concretizam os trabalhos e os
pagamentos, até onde vale a pena. São curiosidades de uma socióloga desempregada,
uma socióloga que sempre estudou sociologia do trabalho.
Enfim, me candidatei a
esse novo trabalho, confesso que li por alto os inúmeros contratos, mas deu
para perceber que as fotos serão usadas por inteligência artificial, para banco
de dados, treino, etc. Eu não me importo em nada em ceder minhas fotos para
este fim, ainda mais me pagando. Nossos dados já são coletados diariamente em
todas as redes sociais, de graça, ou melhor, nossos dados são coletados de
graça e ainda temos que assistir anúncios, ou seja, dados e trabalho de graça
para as grandes corporações. Dessa vez parece que vou receber alguma coisa, mas
de início a questão já está ocupando minha mente, o que é muito bom para quem
vem enfrentando um desemprego desde a pandemia, com trabalhos intermitentes e
mal remunerados desde então.
Atualmente estou sem
nenhum tipo de trabalho, desde outubro do ano passado quando terminei um trabalho
de coordenadora de campanha eleitoral. Para quem não sabe, coordenar uma
campanha eleitoral é um trabalho 24h por 24h, 7 por 7 dias, é extremamente
extenuante em todos os aspectos. Ao fim do trabalho em outubro, ficaram ainda
algumas burocracias para resolver pós campanha, o que é normal, porém já não
estava mais recebendo por isso. O que eu recebia era somente promessas, que em
2023 as coisas iriam melhorar (o que já está acontecendo e eu acredito que vai
melhorar cada vez mais), porém, por mais que a gente exercite a esperança, os
meses vão passando e a ansiedade vai chegando cada vez maior, ali crescendo
juntinho com os juros do cartão, do empréstimo, do cheque especial. E que sorte
a minha de eu ter um companheiro que ainda tem acesso a crédito! Essa ansiedade
mora naquele dito popular “cabeça vazia, oficina do diabo”. Ficar desempregada,
dias a fio, por mais que hajam tarefas domésticas e familiares a fazer, traz
sempre pensamentos de insuficiência, de fraude, de incompletude, etc. E olha
que eu sou uma pessoa com uma bela autoestima, referendada por mim (risos) e
pelos meus amigos, e acho que estou na melhor época da minha vida para
trabalhar (farei 45 anos em breve, 45 anos de experiência, casca, sagacidade e
disposição) porém o quotidiano do desemprego corrói sorrateiramente nosso
espírito, e qualquer vagalume de saída dessa situação a gente se agarra para
não se apagar. Então a saga do momento é essa. “Bilhetinhos” de loteria em
empresas de trabalho remoto...
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