Hoje
é dia 15, o dia do mês que pagamos o aluguel e a fatura do cartão, o dia que o
dinheiro vai todo embora e vivemos de cheque especial e do saldo do cartão. Que
sorte a nossa, ainda temos crédito! Robson não gosta de pagar tudo em um só
momento, paga uma coisa de manhã e outra de noite, ou paga tudo só no final do
dia, pra não ter tempo de ficar remoendo o “como vamos fazer?” por muito tempo.
A semana do dia 15 já é tensa, a deste mês no caso, o dia 15 caiu bem na
quarta-feira, ou seja, dois dias de angústia, e dois dias se recuperando do
choque. As vezes o dia 15 cai numa sexta-feira, eu prefiro, pois vamos tocando
a vida, chega sexta, leva aquele baque, mas aí já é perto do fim de semana, e o
balde tá ali pra gente chutar ou para recolher as lágrimas.
De
qualquer forma a semana do dia 15 é sempre a semana da reflexão. As promessas
não chegaram, os currículos não foram respondidos, nenhuma ideia inovadora ou
empreendedora foi pra frente, não estão abrindo muitas vagas, etc. Será que o
Robson vai conseguir vender mais alguma peça pra fazer um extra? Ao Robson
ainda cai mais essa no colo dele, artista plástico, ele vai conseguindo aqui e
ali vender uma peça de arte, mas geralmente a venda vem casada com um gasto
extra, seja um problema no carro, uma manutenção na casa, uns remédios pra
comprar daquele dente que tá doendo. Eu, sem talento nenhum pra vender,
obviamente fico pesarosa. Robson se virando em mil pra dar conta, eu me
revirando em mil pra conseguir qualquer coisa, mas o qualquer coisa nunca
chega. Chega a culpa desse processo (a gente evita, mas ela sempre vem, uma
culpa espreitosa, sorrateira, quando você percebe ela já tá do seu lado), o
medo, chega a constatação do cansaço e do desânimo dele, chega muita coisa ruim
na cabeça. Aí é hora de arrumar o que fazer, nem que seja alguma tarefa
doméstica (não remunerada por essa sociedade), pra afastar a apatia, pra fechar
a “oficina do diabo”. Daqui vou tentando criar uma rotina de desempregada que
estou tentando organizar, ou seja, tempo de estudo, tempo de procura de
emprego, tempo de desesperar, tempo de tarefas, tempo de foda-se, tempo de
confiar no universo, enfim, organizar mil coisas pra não pirar. Mas tem dia ou
dias que a gente pira e cai na prostração. Pra esses momentos estou tentando
encaixar no máximo dois dias do mês, de preferência nos dias de TPM (risos). “Mas
a vida é real de viés” já diria Caetano, as planos tem pouca longevidade.
Sem comentários:
Enviar um comentário